29 dezembro 2012

Tempo de mudar

Quando caiu pela primeira vez, em 2002, esperava-se que o Palmeiras fosse enfim caminhar rumo ao profissionalismo e deixar de ser um clube onde a política roubava a cena do futebol. Não aconteceu. Descontado o título da Série B, as únicas coisas boas até aqui foram os títulos do Campeonato Paulista, em 2008, e da Copa do Brasil.

Os velhos vícios vêm desde sempre, interrompidos apenas pelos anos dourados da Parmalat, justamente quando o time saiu da fila de 17 anos sem títulos e entregou seu departamento de futebol a profissionais e administradores da área, gente que age com a razão. Poderia ter usado o período para aprender alguma coisa para o dia da inevitável ruptura. Não fez. A nova queda é apenas o resultado final de uma bagunça que vem de anos.

Pare e pense: o que o time ganhou nos sem a ajuda de um parceiro-mecenas nos últimos trinta anos? Onde estaria o Palmeiras hoje se a Parmalat não tivesse aparecido?

Falta rumo à nau alviverde. Luiz Gonzaga Belluzzo, grande esperança de renovação, e Arnaldo Tirone não conseguiram. Tirone, que teve uma gestão marcada pela falta de assertividade - que lhe rendeu o apelido de "banana" por parte da torcida -, desistiu da reeleição (até para isso demorou para agir...).Falta pulso ao dirigente, incapaz de tomar decisões de pulso firme e impor o mínimo respeito que fosse.

Isso quer dizer que Décio Perin e Paulo Nobre precisam ser tiranos no poder? Não!

Quer dizer que o próximo presidente precisa saber ouvir e conciliar interesses, mas sem perder a mão e transformar o clube numa bagunça. Que precisa conhecer seus jogadores e dar liberdade para que eles o procurem para conversar, mas sempre mostrando quem é que manda. Que aja com convicção e persistência, mesmo que a aposta acabe não dando certo. Que entenda que o esporte brasileiro passa por uma transformação radical e que faça os milhões de reais que irrigam os clubes se transformarem em estrutura e títulos (o que traz ainda mais dinheiro do que simples patrocínios).

Por fim, que entenda que mais do que um clube, o Palmeiras é uma marca e só voltará a ser grande e rentável quando parar de ser palco para projetos pessoais de poder. O esporte é cada vez mais marketing e o mercado não perdoa maus tratos mesmo às marcas mais valiosas.

Exemplos não faltam para motivar o palmeirense, o principal deles está justamente no maior rival e hoje melhor clube do Brasil. Em cinco anos o Corinthians saiu da Série B para o título mundial, o Palmeiras pode fazer o mesmo. Para isso é preciso vontade, profissionalismo e unidade; justamente tudo o que falta neste momento.

É impossível mudar? Claro que não, mas sair da zona de conforto é sempre um processo doloroso. Se não mudar agora, difícil não imaginar um cenário em que o clube encolha de vez. Hoje, o Palmeiras é grande apenas na sua história, cujas glórias vão ficando cada vez mais para trás. Que volte a se fazer respeitado antes que seja tarde.


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