30 dezembro 2012

Juvenal não quer Lugano; só milagre muda o cenário

Juvenal Juvêncio fala para quem quiser ouvir: não quer saber de Diego Lugano no Morumbi.

Parte da torcida acredita na versão oficial de que eleo só não desperta mais interesse porque não quer abrir mão do salário milionário que recebe no PSG. A questão financeira pesa, mas não é por si só determinante para impedir o retorno do zagueiro, idolatrado pela torcida e campeão da Libertadores e Mundial.

Juvenal acredita que o jogador não conseguirá repetir os feitos da sua primeira passagem, quando se tornou um líder do grupo e símbolo de raça. Na sua opinião, Lugano está mais lento e menos confiável. A contratação de Lúcio foi simbólica para mostrar que o perfil de liderança buscado é outro. Rafael Toloi não será reserva e agradou demais à diretoria. Como o time não voltará a jogar com três zagueiros, não há espaço para ele.

Os opositores dizem que o motivo é outro; que Juvenal não quer no elenco outra estrela capaz de tirar seu destaque, que teme ser ofuscado assim como em tese acontece com Rogério Ceni, com quem tem relação fria.

O fato é que a única maneira de Lugano voltar ao Morumbi é se Adalberto Baptista convencer Juvenal que a empreitada vale a a pena. Foi o diretor de futebol que fez o presidente mudar de ideia a bancar a contratação de Ganso, por exemplo.

O problema é que nem ele se entusiasma com o retorno. Aí a coisa complica de vez.

Pessoalmente acho que Lugano ainda poderia contribuir com o time pela sua liderança e identificação com o clube. Mas é fato que seus reflexos não são mais os mesmos e ele não tenha velocidade para atuar em um sistema com dois zagueiros.

Uma reviravolta no cenário parece impossível. Como Lugano quer deixar o PSG, por enquanto o mais provável é que se ele voltar ao Brasil defenda outras cores que não aquelas onde ganhou visibilidade e projeção.

É claro que a situação pode mudar, mas hoje dá para dizer que Lugano não deve vestir novamente a camisa do São Paulo.

29 dezembro 2012

Tempo de mudar

Quando caiu pela primeira vez, em 2002, esperava-se que o Palmeiras fosse enfim caminhar rumo ao profissionalismo e deixar de ser um clube onde a política roubava a cena do futebol. Não aconteceu. Descontado o título da Série B, as únicas coisas boas até aqui foram os títulos do Campeonato Paulista, em 2008, e da Copa do Brasil.

Os velhos vícios vêm desde sempre, interrompidos apenas pelos anos dourados da Parmalat, justamente quando o time saiu da fila de 17 anos sem títulos e entregou seu departamento de futebol a profissionais e administradores da área, gente que age com a razão. Poderia ter usado o período para aprender alguma coisa para o dia da inevitável ruptura. Não fez. A nova queda é apenas o resultado final de uma bagunça que vem de anos.

Pare e pense: o que o time ganhou nos sem a ajuda de um parceiro-mecenas nos últimos trinta anos? Onde estaria o Palmeiras hoje se a Parmalat não tivesse aparecido?

Falta rumo à nau alviverde. Luiz Gonzaga Belluzzo, grande esperança de renovação, e Arnaldo Tirone não conseguiram. Tirone, que teve uma gestão marcada pela falta de assertividade - que lhe rendeu o apelido de "banana" por parte da torcida -, desistiu da reeleição (até para isso demorou para agir...).Falta pulso ao dirigente, incapaz de tomar decisões de pulso firme e impor o mínimo respeito que fosse.

Isso quer dizer que Décio Perin e Paulo Nobre precisam ser tiranos no poder? Não!

Quer dizer que o próximo presidente precisa saber ouvir e conciliar interesses, mas sem perder a mão e transformar o clube numa bagunça. Que precisa conhecer seus jogadores e dar liberdade para que eles o procurem para conversar, mas sempre mostrando quem é que manda. Que aja com convicção e persistência, mesmo que a aposta acabe não dando certo. Que entenda que o esporte brasileiro passa por uma transformação radical e que faça os milhões de reais que irrigam os clubes se transformarem em estrutura e títulos (o que traz ainda mais dinheiro do que simples patrocínios).

Por fim, que entenda que mais do que um clube, o Palmeiras é uma marca e só voltará a ser grande e rentável quando parar de ser palco para projetos pessoais de poder. O esporte é cada vez mais marketing e o mercado não perdoa maus tratos mesmo às marcas mais valiosas.

Exemplos não faltam para motivar o palmeirense, o principal deles está justamente no maior rival e hoje melhor clube do Brasil. Em cinco anos o Corinthians saiu da Série B para o título mundial, o Palmeiras pode fazer o mesmo. Para isso é preciso vontade, profissionalismo e unidade; justamente tudo o que falta neste momento.

É impossível mudar? Claro que não, mas sair da zona de conforto é sempre um processo doloroso. Se não mudar agora, difícil não imaginar um cenário em que o clube encolha de vez. Hoje, o Palmeiras é grande apenas na sua história, cujas glórias vão ficando cada vez mais para trás. Que volte a se fazer respeitado antes que seja tarde.